PT: 36 ANOS.

Posted on 28 de fevereiro de 2016

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Acho que, do ponto de vista da democracia brasileira, do que a agremiação representou, vale trazer alguma discussão sobre o seu papel.

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downloadDepois de 13 anos no governo federal, vive seu momento de “peemedebização”, com lideranças adorando os rega-bofes do mundo dos ricos. Vale para todos nós. Poder, poder, fedor, fedor.

Mas não foi sempre assim. Especialmente no final dos anos 1980 e durante toda década neoliberal dos 1990, fez-se um agente importante, especialmente no município, embalando muita gente.

Mas é preciso entender que adentrar o espaço político é pactuar com ele.

E os sonhadores são poucos, além de pouco influentes nas reais decisões de envergadura. Para mudar o sistema político, é preciso encher as casas legislativas de Lucianas Genros, Luisas Erundinas, Jeans Willyans, etc.

Mas não somos esse país. Somos dos Bolsonaros, Garotinhos, Malufs, Felicianos, Sarneys, Calheiros, Cunhas …

Muitas foram às ampliações de escopo em suas políticas públicas nestes 13 anos. Ao invés de dar 10 bolsas família, buscam-se 10 milhões de miseráveis através dessas políticas. Trouxe, de diversas formas, os pobres para o orçamento público: PROUNI, FIES, Luz Para Todos, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, o Nordeste.

Mas, tão interessante quanto entender a ação dos governos pela lógica do que fizeram, é verificar o que deixaram de fazer e as razões disso.

Aquilo que se deixou de se fazer tem explicações. Muitas delas não são racionais. Outras se situam apenas no campo da permanência do poder. A crença que se estabeleceu é que a partir de uma longa permanência no poder, grandes desigualdades históricas poderiam ser atacadas e minimizadas.

Todavia, o que sentimos hoje é que 13 anos de poder estão colaborando decisivamente para que as possibilidades de futuros governos progressistas no poder central diminuam. E paradoxalmente, ampliam as possibilidades do futuro em torno de um pequeno monstrinho, anti-político e adorador da repressão policial-judicialesca.

Não falarei de corrupção, porque, contraditoriamente, foram os governos petistas os que mais implementaram políticas de transparência e anticorrupção, apesar de muitos melecados.

E o que se deixou de fazer? Quer dizer, perdeu uma “janela de oportunidade” histórica?

Choremos: apesar de avanços a regulação trabalhista, como o caso das domésticas, o mais polêmico nunca atacou: a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais; Apesar da falta de dinheiro para bancar o ajuste fiscal, nunca atacou a desigualdade e injustiça tributária que dissolve a classe média e os segmentos mais pobres da sociedade para concentrar dinheiro nos “1%”; é fácil criar a Bolsa Família, difícil mesmo é fazer a reforma agrária, etapa fundamental na trajetória capitalista, assim como criar moradias precárias e distantes para beneficiar empreiteiras: difícil é realizar uma reforma urbana democrática; Dilma e Bolsonaro, como políticos, estão mais próximos entre si do que Dilma e nós, povos (apesar de radical como soa) e é por isso que vemos a pauta conservadora derrotando avanços civilizatórios, como legalização da maconha, desmilitarização da polícia (não é tirar a arma deles, é torná-los civis, não militares), o casamento igualitário, o aborto, os direitos indígenas; democratização dos meios de comunicação, com a regulação econômica dos monopólios privadas; uma reforma no sentido e na função da educação, atacando o seu papel de fonte e perpetuadora de desigualdades…

A lista é grande. E todas essas propostas estão cada vez mais inviabilizadas politicamente. Se mudanças vierem, é do novo ímpeto dos burocratas do judiciário.

Desta forma, temos um governo que apresenta-se menos progressista que a propaganda tende a nos vender, com mais arranjos políticos conservadores do que ligados a sua tradicional base social. Foi mais consumo  e menos direitos

Assim, tão importante quanto mensurar toda a contribuição para a mudança da sociedade brasileira, é fundamental apontar como o PT contribuiu para a solidificação de um Brasil conservador, que insiste patinar numa mentalidade terceiro-mundista, com elites refugiadas em Miami, EUA.

O PT e o MUNICÍPIO;

O Partido tem outra interessante contradição.

Enquanto no governo federal não foi capaz, politicamente, de fazer arranjos progressistas, ao nível do município, talvez seja o partido com mais experiências democráticas inovadoras, como o orçamento participativo, o aprofundamento do papel dos conselhos de políticas setoriais.

Pena que nestas eleições, tais políticas e instâncias serão castigadas pelos eleitores visando dar um recado ao dark room do poder petista.